1. Meus pés aumentaram uma pontuação devido aos saltos altos e às horas seguidas carregando bandejas pesadas.
2. A satisfação de saber, vinte anos depois, que o estado de Nova Jersey decidira que a Playboy Enterprises não estava apta a operar um cassino em Atlantic City devido ao fato de haverem subornado autoridades para obter um alvará para servir bebidas alcoólicas. Tal decisão perdurará até que a Playboy Enterprises deixe de pertencer ao Sr. Hugh Hefner.
3. A revista Playboy continua a publicar uma foto minha, como Coelhinha, no meio de fotos ainda mais pornográficas de outras Coelhinhas. A versão de 1983 era que meu artigo “aumentara o número de candidatas a Coelhinha”. A versão de 1984 trazia uma foto tirada num jantar quando eu levantei os braços e meu vestido de noite escorregou, revelando parte de meu seio. Tratava-se de um jantar beneficente para a Fundação Ms. para Mulheres e também meu aniversário de cinqüenta anos. Nenhuma outra publicação usou essa foto. Mas a Playboy não esquece jamais.
4. Trinta anos de ocasionais telefonemas de Coelhinhas de ontem e de hoje com histórias sobre as condições de trabalho e as exigências sexuais sofridas. Nos primeiros anos, as Coelhinhas se impressionavam com o fato de eu ter usado meu próprio nome no artigo. Uma delas disse ter sido ameaçada “com ácido atirado na cara” por ter reclamado das Coelhinhas serem usadas sexualmente. Outra citou ameaça idêntica por ter sugerido que as Coelhinhas se sindicalizassem. Todas ficaram surpresas de encontrar meu nome no catálogo telefônico. Eventualmente, precisei trocar o número e fazer com que não constasse mais do catálogo.
5. Em 1984, foi feita uma dramatização deste artigo para a televisão, estrelando Kirstie Alley, então uma atriz desconhecida, no meu papel como repórter. Tinha um título horrendo “A Bunny’s Tale” (a frase, falada, tem duplo sentido: “História de uma Coelhinha” ou “O Rabo de uma Coelhinha”), mas o filme era bom. Sua qualidade deveu-se, principalmente, ao fato de a diretora Karen Arthur ter reunido as mulheres não só para ensaiar como também para se conhecerem — algo praticamente inexistente na televisão. Uma antiga Coelhinha do Chicago Playboy Mansion ofereceu-se para ser diretora técnica. Ela vira muitas jovens serem destruídas por drogas e queria ajudar-nos a mostrar a realidade dos bastidores da vida destas mulheres. Mesmo dizendo estar recebendo ameaças pelo telefone, ela ficou no set: uma réplica exata do Playboy Club de Nova York, construído pelos esboços do arquiteto responsável. Dizem que Hugh Hefner usou suas influências na televisão para pressionar a rede ABC a não ir adiante com a produção do filme. Mas o mesmo foi exibido e passou na ABC durante quatro anos e é reprisado até hoje no canal Lifetime. No ano passado uma moça que trabalha num café perto de minha casa me contou que o filme significara muito para ela. Seu namorado também o assistira e finalmente compreendera o que ela passava como garçonete. Isso significou muito para mim. Me dar conta de que toda mulher é uma Coelhinha. Depois que o feminismo entrou em minha vida, parei de me arrepender por ter escrito este artigo. Graças à versão para televisão, tive o imenso prazer de me relacionar com mulheres que talvez não leriam um livro ou uma revista feminista mas que reagiram positivamente às raras condições de trabalho razoáveis e a um grupo de mulheres que se apoiam umas às outras.